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Mostrando postagens de 2014

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo  cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,  Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido  (mal vivido talvez ou sem sentido)  para você ganhar um ano  não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,  mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;  novo  até no coração das coisas menos percebidas  (a começar pelo seu interior)  novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,  mas com ele se come, se passeia,  se ama, se compreende, se trabalha,  você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,  não precisa expedir nem receber mensagens  (planta recebe mensagens?  passa telegramas?)  Não precisa  fazer lista de boas intenções  para arquivá-las na gaveta.  Não precisa chorar arrependido  pelas besteiras consumadas  nem parvamente acreditar  que por decreto de esperança  a partir de janeiro as coisas mudem  e seja tudo claridade, recompensa,  justiça entre os homens e as nações,  liberdade com cheiro e gosto de

Epidemia da violência

Menores infratores roubando por dinheiro Serial killers matando sem motivo Homens possessivos agredindo mulheres Sempre incentivados por coisas fúteis Acreditam que podem fazer o que quiseres É a dor que machuca um país inteiro É a dura realidade que parece castigo Uma ferida difícil de cicatrizar Por que é tão difícil encontrar uma solução? Nem a polícia ou a justiça chegam a uma conclusão A insegurança toma conta da sociedade Então, perdidos vamos estar Já que a violência contaminou a cidade Como uma epidemia que se espalhou numa nação.

A Morte Não É Nada

A morte não é nada.  Eu somente passei  para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês,  eu continuarei sendo. Me dêem o nome  que vocês sempre me deram,  falem comigo  como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo  no mundo das criaturas,  eu estou vivendo  no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene  ou triste, continuem a rir  daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi,  sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo  o que ela sempre significou,  o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora  de seus pensamentos, agora que estou apenas fora  de suas vistas? Eu não estou longe,  apenas estou  do outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi. Santo Agostinho Dedico essa poesia ao cantor e compositor Mango,

A Flor e a Náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias, espreitam-me. Devo seguir até o enjôo? Posso, sem armas, revoltar-me? Olhos sujos no relógio da torre: Não, o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera. O tempo pobre, o poeta pobre fundem-se no mesmo impasse. Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Sob a pele das palavras há cifras e códigos. O sol consola os doentes e não os renova. As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase. Vomitar este tédio sobre a cidade. Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado. Nenhuma carta escrita nem recebida. Todos os homens voltam para casa. Estão menos livres mas levam jornais e soletram o mundo, sabendo que o perdem. Crimes da terra, como perdoá-los? Tomei parte em muitos, outros escondi. Alguns achei belos, foram publicados. Crimes suaves, que ajudam a viver. Ração diária de er

Quero Ter Um Sonho Alegre

Quero ter um sonho alegre Um sonho magnífico Com pássaros nos campos voando E o sol no alto sorrindo. Quero ter um sonho alegre Num mundo muito encantado Que eu tenha muitas fantasias E crianças brincando do meu lado. Quero ter um sonho alegre Com paz e felicidades a mil Onde a palavra guerra Lá nunca se ouviu. Quero ter um sonho alegre Como se no mundo fosse a realidade E as pessoas unidas, felizes E que dure toda a eternidade. Francilene Lucena Melo

Para Sempre

Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento.  Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho. Carlos Drummond de Andrade Fonte:  http://pensador.uol.com.br/poesias_de_carlos_drummond_de_andrade/

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado  Tantas retaliações, tanto perigo  Eis que ressurge noutro o velho amigo  Nunca perdido, sempre reencontrado. É bom sentá-lo novamente ao lado  Com olhos que contêm o olhar antigo  Sempre comigo um pouco atribulado  E como sempre singular comigo. Um bicho igual a mim, simples e humano  Sabendo se mover e comover  E a disfarçar com o meu próprio engano. O amigo: um ser que a vida não explica Que só se vai ao ver outro nascer E o espelho de minha alma multiplica... Vinícius de Moraes

Chegou a Primavera

Hoje é um dia importante. Chegou a Primavera, a prima das flores... E todas se vestiram de novo para a receber. E ela ficou tão contente! Sorriu para as aves e encheu-se de flores. Sorriu para os campos  e encheu-se de verde. Sorriu para os meninos e encheu-se de alegria. E os meninos  vestiram-se de malmequer, voaram com as borboletas, cantaram com os rouxinóis e, juntos, de mãos dadas levaram a Primavera a todas as coisas. Raquel Delgado

Foi-se a Copa?

Foi-se a Copa? Não faz mal.  Adeus chutes e sistemas.  A gente pode, afinal,  cuidar de nossos problemas. Faltou inflação de pontos?  Perdura a inflação de fato.  Deixaremos de ser tontos  se chutarmos no alvo exato. O povo, noutro torneio,  havendo tenacidade,  ganhará, rijo, e de cheio,  A Copa da Liberdade. Carlos Drummond de Andrade

Mães

Aquela que ama,  que cuida,  que passa horas acordada  só pra te ver dormir...  Muitas vezes falam por gestos,  e com carinhos,  A que compra um doce  só pra lhe ver sorrir  A única em que pode confiar  e a única que te ama  De verdade...  Domina suas vontades e luta  por seus direitos,  Sacrifica-se Mãe,  Teu colo nos afaga  e nos tira a tristeza,  teu colo,  que nos aquece  tem um único nome  Mãe... Ana Karolina

Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca,  não posso cuidar de ti. Vim para amar neste mundo,  e até do amor me perdi. De que serviu tecer flores pelas areias do chão,  se havia gente dormindo  sobre o própro coração? E não pude levantá-la! Choro pelo que não fiz. E pela minha fraqueza é que sou triste e infeliz. Perdoa-me, folha seca! Meus olhos sem força estão velando e rogando áqueles  que não se levantarão... Tu és a folha de outono  voante pelo jardim. Deixo-te a minha saudade - a melhor parte de mim. Certa de que tudo é vão. Que tudo é menos que o vento, menos que as folhas do chão... Cecília Meireles

Soneto de Carnaval

Distante o meu amor, se me afigura  O amor como um patético tormento  Pensar nele é morrer de desventura  Não pensar é matar meu pensamento.  Seu mais doce desejo se amargura  Todo o instante perdido é um sofrimento  Cada beijo lembrado é uma tortura  Um ciúme do próprio ciumento.  E vivemos partindo, ela de mim  E eu dela, enquanto breves vão-se os anos  Para a grande partida que há no fim  De toda a vida e todo o amor humanos:  Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo  Que se um fica o outro parte a redimi-lo.  Vinícius de Moraes